terça-feira, 3 de novembro de 2015

a arte do (pré) primeiro encontro

será que ele vai gostar de mim?
vou de calça ou de bermuda?
faço a barba ou deixo assim uma coisa meio largada?
mauricinho?
meio hipster?
qual será o estilo que ele mais gosta?
ai Deus! e o perfume, será que exagerei?
putz! não tô achando aquela camisa...
mas se bem que aquela camisa não combina com a calça que tô pensando em ir...
ok. fique calmo. vista a melhor roupa e pronto!
ok ok... ele só precisa me conhecer como eu realmente sou.
e como eu realmente sou?
a questão é só e somente esta... ai ai ai
como eu sou...
e se ele não gostar de como eu sou?
leva um halls no bolso, hein!? não esquece!
e deixa o cartão de débito e crédito na carteira porque se um não pegar, o outro passa.
e leva dinheiro também
só para dizer que tem (mesmo que tenha sido emprestado da sua mãe)
ok. tô pronto!
última olhada no espelho... tô legal?
ah! vai assim mesmo. vamos lá!
se for sim, é sim
e se for não, é não
afinal, quantas decepções já ocorreram, né!?
uma a mais não vai fazer a menor diferença
vamos lá!



>>

domingo, 12 de julho de 2015

sim, um dia

ontem eram nós dois
e, talvez, sua mãe
que te ligava de cinco em cinco minutos
sua juventude e suas dúvidas
suas inquietações e suas fugas

hoje somos só nós dois
um e um
e, talvez, sua vaidade infinita vista através dos espelhos
que refletem ainda nossos medos, dúvidas e inquietações
um amor que se transformou
e um sentimento bom que ficou

amanhã seremos sós
e mais alguém, assim espero
sem nós
sem a nossa juventude
mas com as dúvidas, que sempre existirão
e sim, um dia vou rir deste texto
um dia vou esquecer do ontem e do hoje
sim, ainda do hoje



>>






quinta-feira, 4 de junho de 2015

poderia do verbo sonhar

ter
não te tenho
poderia ter tido

ser
não somos
poderia ter sido

tropeçamos
e agora tudo passou
as lembranças do todo dia nem são mais lembranças
são sonhos
risadas passadas
águas passadas

seria interessante que o tempo voltasse  
pra poder dizer tudo que você queria escutar
e fazer tudo que imaginei
que sonhei
sonhos sonhos
perfeitos
sem mais tropeços
para a vida inteira
e o poderia ser uma realidade
não sonhos
não dor
não suposições



>>


sábado, 23 de maio de 2015

sobre os poetas

escrevem para ninguém ler
leêm para poder sofrer
sofrem para poder sentir

hoje eu vou falar dos poetas

(ou daqueles que se acham um)
dos que sabem palavras difíceis
aquelas que fazem você ir no dicionário

há uma beleza nos poetas que me admira

e geralmente eu me apaixono por eles porque eles sabem levar
sabem nos olhar sem estar perto
sabem nos tocar e nos deixar sem sentido

enxergam um mundo de um outro ângulo

um ângulo que eles acham que lhe é peculiar
mas lá na frente eles irão ver que foi só uma fase
assim como as fases do romantismo

gosto dos poetas

sensíveis, nada entendem sobre o amor
eles apenas gostam de escrever sobre
e quando a paixão ameaça chegar, eis que escrevem

escrevem para ninguém ler

leêm para poder sofrer
sofrem para poder sentir 



>>


sábado, 4 de abril de 2015

onde eu errei

humildemente eu confesso que errei
sim, cometi alguns erros
e humildemente eu confesso que continuo errando
e só espero que você também confesse
largue o seu orgulho bobo
afinal, todos erram

eu me entreguei demais
me joguei de cabeça
não mantive a frieza necessária
e nem tive a inteligência emocional necessária para conviver com os seus erros

errei em não dizer não
errei em ter batido de frente
me desculpa por eu lutar pelo que acredito
mas nisso eu não vou mudar

errei em ter falado o que precisava quando se precisava
para tentar melhorar
para fazer algo diferente
para chamar a atenção

errei em não cumprir os seus pedidos loucos
em não obedecer os seus desejos absurdos
e em não entrar na sua loucura
é demais para a minha cabeça

agora aguente ficar em seu mundo de ilusão
ao lado de pessoas falsas e compradas
eu vou sair
e talvez este seja mais um dos meus erros
mas é a minha verdade



>>

domingo, 1 de março de 2015

estou apenas começando

quisera eu estar apenas começando
e ter o sofrimento que você fala ter
quisera eu estar sendo amparado
estar perdendo o que você diz estar
ter o seu tempo
refazendo as suas dúvidas
seus caminhos e intinerários

quisera eu ter percebido a sorte que você está tendo
e seguir sem olhar para trás
ter alguém que me levasse para bem longe
de mãos dadas comigo
que me mudasse
quisera eu estar contigo
revivendo aqueles momentos mágicos
e rindo das nossas piadas idiotas

quisera eu derramar as lágrimas pelo que você diz derramar
e estar sem olhos vermelhos e cansados
quisera eu ter os defeitos que você diz ter
ter a sua perfeição
a qual só você não percebe
que não precisa mudar em nada
que está pronto para mim

quisera eu estar bem
e ter coragem para te falar tudo isso
na tentativa de te convencer mais rápido 
quisera eu nem estar precisando escrever tudo isto
estar enxugando as suas lágrimas
tirar as suas angústias
as suas aflições
quisera eu que você se amasse
que você me amasse de vez
e que o fim estivesse apenas começando
como nós
como este texto 




>>




quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

prefiro os loucos

nada de formas, rótulos e fórmulas
nada de regras, títulos e esperas
gosto da profusão arrumada
dos espíritos festivos e sem confusão

prefiro os que optaram pela vida
com ativez tímida
versatilidade insensata
e passividade moderada

gosto dos loucos
trouxas que falam bobagem
e dos inteligentes com causa
que esquecem de fazer a barba
ou simplesmente não a quer fazer
porque assim ficam com cara de mais loucos

nada de certos, errados e verdades
nada de conselhos, passos e planos
gosto da espontaneidade
das almas inquietas planejadas

prefiro o contraditório
com as certezas absolutas não tão absolutas
balanços quietos
e inquietude inteligente

gosto dos loucos  
que me deixam louco
inesperando o esperado interessante
a surpresa pontual
e a incerteza dos loucos
de que irão acabar normais




>>