como sempre, eu estava atrasado e ele estava lá
parado
calmo
ajeitava uns relógios que estava na mesa em sua frente
uma mesa de madeira equilibrada com um pedaço de tijolo
tinha também um sombreiro escrito "marlboro", que um dia já deve ter sido branco
e um plástico que também já não era transparente cobria seus relógios
malmente dava pra os enxergar - os seus próprios produtos
e balbuciava palavras que ninguém entendia
sozinho
engraçado! passava e ainda passo por lá quase todo dia e nunca o tinha visto ali
o tempo é mesmo cruel
e ele devia saber isso mais do que ninguém
dava pra ver a melancolia em sua face
durante os poucos instantes em que fiquei o observando
passei pelos seus gestos todos seus dias e anos de vida
devia passar os dias assim
deveria passar também seus últimos dias assim?
velho
numa mesa velha
se protegendo de um sol velho embaixo de um sombreiro velho
vendendo numa mesa velha
relógios velhos
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6 comentários:
"o tempo não pára" ou seria para??
novas regras
grrrrrrrrrrrrr
E assim a alma envelhece...
Abraço.
é.... fiquei até triste agora... tomara que ele não envelheça sozinho.. o tempo é mais cruel quando não temos ninguém pra suportar conosco o fardo de sermos esmagados pelos anos.. enfim, adorei o seu comentário paradoxal no meu blog.. seja bem-vindo forever.. beijo....
o tempo passa tão rápido e quando deparamos as marcas já são claramente visiveis em nosso rosto. o que resta? Apenas lembranças.
"velho é o tempo!"
mas concordo com Ana, pior ainda eh ficar sozinho.
muito triste esse velhinho se confundir com a paisagem, despercebido, triste.
e eu me pergunto: pq vc não comprou um relogio????
mas uma vez o tempo envolvendo a existência...e a nossa acomodação na vida.
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